Carolina Maria de Jesus é nossa referência (bio)
- afromemoriasatuais
- 9 de nov. de 2018
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Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 1914 - São Paulo, 1977) foi uma escritora brasileira, reconhecida por seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada publicado em 1960.

Carolina de Jesus é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. A autora viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, sustentando a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Teve seu diário publicado sob o nome Quarto de Despejo, com auxílio do jornalista Audálio Dantas. O livro fez um enorme sucesso e chegou a ser traduzido para quatorze línguas.
Carolina de Jesus era também compositora e poetisa. Sua obra permanece objeto de diversos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Nascida numa comunidade rural, de pais negros analfabetos, sendo filha ilegítima de um homem casado e foi maltratada durante toda sua infância. Aos sete anos, sua mãe a obrigou a frequentar a escola, depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar seus estudos, mas ela interrompeu o curso no segundo ano, tendo já conseguido aprender a ler e a escrever e desenvolvido o gosto pela leitura.

Em 1937, sua mãe morreu e ela se viu impelida a migrar para a metrópole de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer material que pudesse encontrar. Saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.
Em 1947, aos 33 anos, desempregada e grávida, instalou-se na extinta favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, num momento em que surgiam na cidade as primeiras favelas, cujo contingente de moradores estava em torno de cinquenta mil. Ao chegar à cidade, conseguiu emprego na casa do notório cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, precursor da cirurgia de coração no Brasil, o que permitia a Carolina ler os livros de sua biblioteca nos dias de folga. Em 1948, deu à luz seu primeiro filho, João José. Teve ainda mais dois filhos: José Carlos e Vera Eunice, nascidos em 1949 e 1953 respectivamente.
Ao mesmo tempo em que trabalhava como catadora, registrava o cotidiano da comunidade onde morava, nos cadernos que encontrava no material que recolhia, que somavam mais de vinte. Um destes cadernos, um diário que havia começado em 1955, deu origem ao seu livro mais famoso, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960.

A tiragem inicial de Quarto de Despejo foi de dez mil exemplares e esgotou-se em uma semana. Desde sua publicação, a obra vendeu mais de um milhão de exemplares e foi traduzida em quatorze línguas, tornando-se um dos livros brasileiros mais conhecidos no exterior. Depois da publicação, Carolina teve de lidar com a raiva e inveja de seus vizinhos, que a acusaram de ter colocado suas vidas no livro sem autorização. A autora relatou que muitos dos moradores da favela chegaram a jogar nela e em seus três filhos, os conteúdos de seus penicos. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de cem mil exemplares vendidos e publicados em mais de quarenta países.
Depois de alguns anos da publicação de Quarto de Despejo, Carolina conseguiu acumular dinheiro suficiente para se mudar para Parelheiros, uma região árida da Zona Sul de São Paulo, no pé de uma colina, onde esperava encontrar solitude.
Carolina nunca quis se casar para não se submeter a um homem e cada um dos seus três filhos era de um relacionamento diferente. A filha de Carolina, Vera Eunice tornou-se professora e contou em entrevista, que sua mãe aspirava a se tornar cantora e atriz.
Carolina Maria de Jesus morreu em 13 de fevereiro de 1977, vítima de insuficiência respiratória.
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