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Luís Gama é nossa referência (bio)

  • Foto do escritor: afromemoriasatuais
    afromemoriasatuais
  • 9 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Luís Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 1830 – São Paulo, 1882) foi um rábula, orador, jornalista, escritor brasileiro e o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil.

Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi contudo feito escravo - vendido pelo próprio pai - aos 10, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de idade. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado "o maior abolicionista do Brasil".


Foi um dos raros intelectuais negros no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro; pautou sua vida na defesa da liberdade e da república, ativo opositor da monarquia, veio a morrer seis anos antes de ver seus sonhos concretizados.


Em São Paulo, Gama passou por várias "metamorfoses" únicas: fora criança livre, foi feito escravo e depois se tornou homem livre; de analfabeto a integrante do mundo das letras; exerceu diversas profissões e posições sociais: escravo do lar, soldado, ordenança, copista, secretário, tipógrafo, jornalista, advogado, autoridade da maçonaria.

Permanecem obscuros, contudo, os artifícios utilizados por Luis Gama para obter sua liberdade, sendo aventada a possibilidade de que, para tal, tenha se utilizado do depoimento do pai - cuja identidade ele próprio zelava por manter obscura.


Tamanha foi a importância do trabalho de Luís Gama na causa abolicionista dos negros em plena vigência das leis escravocratas, que recebeu o epíteto de "Apóstolo Negro da Abolição". Em sua carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, Gama estima que já havia libertado do cativeiro mais de 500 escravos. Durante um júri Gama proferiu uma frase que se tornou célebre:

"O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa".

Embora atuasse principalmente na defesa dos negros acusados de crimes, ou para buscar-lhes a alforria judicialmente, não se negava a atender gratuitamente aos pobres de qualquer origem, havendo casos em que defendera imigrantes europeus lesados por brasileiros.


Gama tinha diabetes, e esta foi a causa da morte que o vitimou a 24 de agosto de 1882. De acordo com as informações da época, seu corpo fora colocado num esquife e um escultor molda seu rosto em gesso. O féretro saiu no dia seguinte, às três horas da tarde. Pouco antes de cerrar-se o caixão a viúva protagonizou um pranto dolorido. O cemitério ficava no outro extremo da cidade, e para sua condução um carro funerário estava preparado, mas a multidão não o deixa sair dali: o "amigo de todos" - como era conhecido - teria que ser "levado por todos".


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